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Roteiros Geek

Em busca dos Beatles em Liverpool

Nunca soube o quanto eu gostava de Beatles até colocar meus pés em Liverpool. Sério. Decidi ir até lá para conhecer mais sobre a banda, mas acabei me redescobrindo como fã e me apaixonando pela cidade. É incrível a presença deles por todo lado – já no centro, bem próximo da estação de trem, dá para ver como Liverpool respira Beatles. Eu nem precisaria dos passeios temáticos para saber mais sobre eles.

Minha primeira parada foi a The Beatles Store, loja que fica na rua do antigo Cavern Club – sim, aquele que foi palco de muitas das primeiras apresentações – e também de outros pubs, a maioria com nome, decoração ou trilha sonora relacionada aos Beatles. Aqui já dá pra encontrar uma estátua de um John Lennon despojado ao lado de um novo Cavern Club, esse funcional, já que o antigo chegou a ser desmanchado (mas ainda está por lá porque a reforma parou). Nessa rua, ficam vários pubs da cidade, e muitos com nome ou decoração relacionados à banda.

Como eu estava meio perdida e precisava chegar ao The Beatles Story, decidi embarcar num ônibus hop-on hop-off e conhecer mais da cidade até chegar ao meu destino. O passeio não tinha nada relacionado aos Beatles, mas no caminho passamos por algumas das igrejas que, adivinhem, tinham sinos apelidados com os nomes dos quatro, ou então era onde Paul McCartney cantava no coro ainda criança.

O The Beatles Story é uma exibição sobre a banda que conta a história, do começo ao fim, com a criação de cenários conhecidos, exposição de figurinos, instrumentos, fotos e muita música. É um museu que fica no The Royal Albert Dock e foi onde minha jornada realmente começou.

Já de cara somos transportados para as ruas da Alemanha, para o Cavern Club e o NEMS, loja daquele que viria a ser empresário dos Beatles, Brian Epstein. Ali dentro passamos ainda pelo Abbey Road, entramos em um submarino amarelo, vemos o portão do Strawberry Fields e uma recriação da famosa foto do Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Tudo isso guiado por um áudio contando a história dos quatro garotos, essencial para entender como tudo aconteceu.

Saí dessa exposição com os olhos marejados. Eu não vivi o auge dos Beatles. Vi três deles vivos, mas para ser sincera, lembro mesmo de Paul e Ringo, que continuam na ativa. Estar ali me transportou no tempo e me fez sentir as dificuldades, a alegria e euforia da beatlemania e um vazio imenso quando cheguei ao quarto branco de John Lennon e percebi que estava bem próxima do fim. Foi um turbilhão de sentimentos que nenhum outro lugar me fez sentir. Daquele tipo de imersão que te faz esquecer o mundo ao seu redor. Saindo dali, até precisei de um tempo para absorver tudo o que tinha visto.

No começo da tarde, embarquei no The Beatles Magical Mystery Tour, um passeio de ônibus pelos locais relacionados a eles pela cidade. Com guia contando histórias e trilha sonora combinando, passamos pela casas onde nasceram ou cresceram, por onde se conheceram, pelos locais onde tocaram, pelos pontos citados na música Penny Lane e alguns outros.

Foi super legal rodar a cidade, conhecer outros cantos de Liverpool e descobrir detalhes da banda enquanto ouvia as músicas criadas por eles. Nesse trajeto, conclui que o sucesso deles é difícil de explicar pela lógica, porque vai além dos talentos individuais. Parece até que era para ser. O tour terminou na The Beatles Store e aproveitei as últimas horas do dia para correr até uma estátua dos Beatles que fica do outro lado do The Royal Albert Dock.

Em resumo, visitei Liverpool pelos Beatles e sai de lá com uma admiração ainda maior pelo legado deles. Hoje, a cidade tem centenas de empregos relacionados à banda. A história deles deu um novo propósito turístico para Liverpool. Foi incrível poder viver um pouco da beatlemania pela história que ficou e ver como quem mora lá abraça a trajetória deles.

Meu chefe é o Mickey

Oito anos atrás eu embarquei, nas palavras da minha avó, em uma loucura. Pra mim foi só uma aventura mesmo. Estava no primeiro ano da faculdade e participei do processo seletivo para o International College Program da Disney e lá fui eu, no meu primeiro emprego, trabalhar para o Mickey (carinhosamente falando) durante minhas férias de verão.

Honestamente, não parece que faz esse tempo todo porque ainda lembro de muitas coisas em detalhes: a ansiedade lendo conteúdo sobre as entrevistas, sobre as locações de trabalho, sobre as casas e como foi tudo lá mesmo. Trabalhar na Disney foi uma experiência única, once in a lifetime, e, se o tempo provou algo, é que isso me marcou de uma maneira gigantesca.

De dezembro de 2009 a Fevereiro de 2010, trabalhei como Attractions/Operations no Magic Kingdom – ou seja, o Castelo da Cinderela era basicamente meu quintal. Lá, trabalhei na Fantasyland em três atrações: Snow White Scary Adventures, The Many Adventures of Winnie the Pooh e na Mad Tea Party – isso foi no período pré-expansão da Fantasyland, essas atrações já passaram por reformas e a da Branca de Neve já não existe mais, sinais que a minha Disney vive mesmo na minha memória. Além dos brinquedos, em alguns dias trabalhava com controle de pessoas durante os shows de fogos.

Trabalhar com as atrações significa mão na massa: controle de painéis que fazem os brinquedos funcionar, contagem de pessoas, controle das filas, verificar se os brinquedos estão funcionando, limpar a fila, dar informações sobre a área e, nos momentos de descontração, até soprar bolhas de sabão – a Fantasyland é onde estão concentrados a maioria dos brinquedos para crianças pequenas, então era parte do nosso trabalho deixar tudo ainda mais mágico.

Mas o trabalho em si não foi o que mais me marcou – apesar de ser legal dizer que eu sei como funciona uma montanha russa. A Disney é exemplo de várias coisas no mundo corporativo e uma delas é o atendimento ao cliente, que, descobri lá, só funciona porque é uma preocupação que eles tem com todos que trabalham lá, até quem vai para um trabalho temporário de dois meses e meio – foram vários dias de treinamento, antes de começar a trabalhar e também depois.

Lá, percebi como eles unem demanda e oferta de um jeito incrível – eu, no Brasil, queria uma experiência internacional para aprimorar o inglês; eles precisam de pessoas que falem idiomas para atender os visitantes. Vivi a cultura empresarial em um outro país e pude aproveitar os outros benefícios de um intercâmbio – conhecer pessoas de diversos países (morei com chinesas, australianas, americanas e brasileiros e trabalhei com pessoas de, pelo menos, dez nacionalidades), melhorei, e muito, o inglês e criei minha independência.

Além de tudo isso, teve também a experiência com os visitantes do parque. É incrível a variedade de pessoas que escolhe a Disney como roteiro de viagem e a gente acaba conhecendo vários deles. Pessoas de todas as idades, crenças, em diferentes momentos da vida – gente que vai lá relaxar, comemorar e até, infelizmente, quem vai para esquecer uma doença ou momentos ruins. São histórias que cruzam com você a todo momento e é difícil que não te coloquem para ver o mundo com outros olhos.

Claro, nem tudo foram flores. Tive dias difíceis, dias com trabalho até de madrugada, dias com mais de doze horas trabalhadas, regras de roupas, maquiagem e corte de cabelo, ônibus lotado para voltar do trabalho, etc. Mas o bom sempre compensou o ruim e aprendi muito com eles: a me respeitar, a respeitar os outros e até comecei a gostar mais de crianças. Passei a admirar a Disney mais pelo o que ela representa hoje na indústria no entretenimento do que pelos seus produtos e é daí que vem meu amor por produções voltadas ao público infantil.

A experiência é algo que não tem como explicar em um post de blog, mas é algo que eu sempre gosto de comentar, mesmo que um textão desses não fale muita coisa. O International College Program ainda está disponível e você também pode viver essa experiência. As regras certinhas estão no site da STB, agência que coordena o processo aqui no Brasil – não tô ganhando nada pra falar disso, apenas divulgando mesmo porque foi incrível e ouvi uns boatos que o Trump quer complicar visto pra esse tipo de trabalho. Além do ICP, a Disney também contrata brasileiros que já  tenham participado do ICP, para trabalhar lá durante as férias de verão deles, período que os parques recebem inúmeros grupos daqui. Ah, e se você acha que precisa ter muito dinheiro pra ir pra lá, é justamente o contrário. Esse é um daqueles programas Work and Travel então você não precisa pagar horrores para ir e ainda ganha um salário, que te mantém lá de boas.

Trabalhar na Disney pode até parecer uma ideia impossível – pra mim já foi – mas a verdade é que ela pode se tornar realidade sim.

Vale a pena assistir Harry Potter e a Criança Amaldiçoada?

Há um ano, o livro com o roteiro da peça teatral Harry Potter e a Criança Amaldiçoada chegou em versão traduzida aqui no Brasil. Alguns meses antes, o roteiro em inglês já era vendido e a sessões estavam lotadas em Londres. Nesse tempo que passou, a peça ganhou uma versão na Broadway, em Nova York e já foi anunciado que ela deve ir para a Austrália – o que é maravilhoso por dar a oportunidade de mais pessoas assistirem, afinal, nem todos moram em Londres e o teatro é relativamente pequeno (o que justifica as sessões esgotadas e vendas absurdamente antecipadas).

Mas nem tudo são flores e, apesar da recepção ótima que teve no teatro, inclusive com prêmios, a resposta dos fãs que leram o roteiro publicado, inclusive a minha, da tal oitava história de Harry Potter não foi lá essas coisas. Com alguns spoilers, as principais críticas são ao enredo e ao desenvolvimento das personagens. É difícil acreditar que a Rowling permitiu a criação de uma história com base em vira-tempos – algo que ela tentou tirar da história durante a saga original – e deixou seus personagens terem futuros tão ruins – sim, ninguém quer acreditar que o Harry tenha se tornado esse pai péssimo, dentre outros problemas. Mas e a peça? Vale assistir? 

Ano passado quando escrevi a resenha para o livro, não imaginava que eu um dia assistiria a peça, mas nesse louco mundo consegui ingressos para a apresentação em agosto e separei aqui quatro motivos que fazem super valer a pena, se puder, estar lá e deixar esse não-gostei-da-história de lado.

É uma experiência única
Os ingressos não são baratos, nem fáceis de conseguir. Enquanto estive em Londres, mais de uma vez vi ingressos por 250 libras e que tinham a visão limitada, seja pelo local do assento ou por algo da estrutura do teatro. Ingressos com preços acessíveis são comercializados às sextas-feiras, mas são poucos e a procura é enorme. Então se aparecer uma oportunidade por um preço legal, vale sim. É uma experiência única. Mesmo que a peça esteja indo para outras cidades, o público nunca será o mesmo que teve acesso aos filmes e livros e não tem como saber por quanto tempo ela vai ficar em cartaz. A título de curiosidade, eu paguei 85 libras no ingresso para as duas partes.

É teatro
Esse é um novo formato, é uma nova proposta e é a apresentação da magia no teatro. É super legal ver como a iluminação, música, coreografias e cenários foram utilizados para dar vida à magia que imaginamos nos livros e vemos nos efeitos visuais do filme. É muito legal também ver outros atores interpretando personagens que já conhecemos, mas de uma maneira completamente nova.

Saber o que acontece

Existe toda uma campanha para mantermos os segredos e não estragarmos a experiência de quem ainda pode assistir. A equipe do teatro é bem atenta a quem possa estar tentando filmar ou fotografar, então o único jeito que você tem para saber o que acontece é assistindo. E é o jeito certo. Não acho que eu contar o que aconteça vai fazer alguém desistir de ir até lá ou estragar 100% a experiência, mas é super legal ver a preocupação em manter a surpresa e é maravilhoso ser surpreendido pelo que está acontecendo, mesmo que a gente já conheça a história.

Entender o propósito
Só depois de sair do teatro, completamente apaixonada pelo Scorpius Malfoy aliás, é que entendi para que essa peça foi feita. Não é a oitava história. Para melhorar, só não deveria ser considerada oficial na linha do tempo. Do mesmo modo que criaram os parques temáticos e transformaram os estúdios em museu, Harry Potter foi parar nos teatros por ser muito maior que a história dos sete livros – ou mesmo dos cinco filmes de Animais Fantásticos. E é um universo tão incrível que merece histórias sendo contadas de todos os jeitos. O que a gente tem aqui é um enredo esquisito, mas que nos traz de volta personagens e eventos que amamos ler sobre em um formato que atrai fãs e curiosos. Foi ali que vi como a peça está mantendo a história viva, encantando novamente e conquistando um público inteiramente novo.

Mas tá, eu gostei de tudo?

A história, logicamente, não mudou do que lemos. É diferente quando estamos assistindo, mas continuo achando o Harry medonho, a Rose uma chata e a ideia de o Voldemort ter filhos completamente ridícula. São fatores que eu relevei quando estava lá, mas que continuam existindo.

O ponto negativo da peça em si é mesmo a duração. São mais de CINCO HORAS dentro do teatro. A parte um tem mais de 2h30 e a parte dois chega perto disso, contando o tempo para chegar, sentar e sair, você se sente um prisioneiro do lugar. É um tempo longo e não tem como não cansar. Eles vendem duas opções: assistir em dois dias ou em um só. Consegui ingressos para um só e gastei todo o meu domingo dentro do teatro – e deu pra sair cansada como se tivesse feito várias coisas durante o dia. Se pudesse ser menor, seria um brinde!

Chasing Stories em Cardiff: Doctor Who Experience

É fã de Doctor Who? Então vem que esse post é para você.

Agora em agosto pude ir para Cardiff visitar a Doctor Who Experience. Que é, na verdade, o Museu Gallifrey. Localizado em Cardiff, País de Gales, você vive uma aventura com direito a ajudar o Doctor, entrar na Tardis, ver Weeping Angels e solucionar um problema. São aproximadamente 20 minutos nessa brincadeira que me surpreendeu demais. Nunca achei que fosse ajudar a controlar o painel da Tardis e confesso que achava que seria algo bobinho, mas foi super divertido. Deu pra rir, deu pra ficar de coração partido pela composição do cenário e deu até pra dar um medo dos vilões. Além disso, andamos por locais que foram utilizadas nas gravações do seriado. Quer mais para se sentir dentro do universo?

Acabada a experiência, vamos para uma área de museu que é incrível. Nele, temos remontadas vários interiores e exteriores de Tardis e também e temos muitos figurinos e props utilizados nas filmagens. Dá pra ver sonic screwdriver, dá pra ver monstros e dá pra ver vários Daleks. Não apenas para Whovians, essa visita também vale pra quem admira produções audiovisuais porque ela te coloca dentro de uma das mais antigas que temos e que está rodando ainda hoje. Dá pra entender um pouco do que faz Doctor Who algo que tem durado, e com força, por anos. O legal desse tipo de lugar é ver que o público varia muito em idade. De crianças a idosos e todos compartilhando esse gosto em comum.

Além do museu, você pode fazer um walking tour pelas locações utilizadas nas filmagens – o que já ajuda a conhecer a cidade em si e também ver locais utilizados em outros seriados, como Torchwood e Sherlock. Guiada por alguém que trabalha na experience, ficamos sabendo do local, para que foi utilizado e também algumas das modificações feitas no espaço para a série. É um passeio cheio de curiosidades, que te leva ainda mais para o mundo dessa produção e que me deixou bem encantada.

Essa visita foi muito especial pra mim porque a última vez que eu tinha chorado assistindo algum filme/seriado tinha sido com Toy Story 3. Não chorei com o fim de Harry Potter, a história que mais me acompanhou na vida. Mas então veio Doctor Who, mas precisamente, o 11th Doctor e seus companions Amy e Rory Pond. Que apego criei com essas personagens. Fica até difícil explicar em lógica, mas chorei feito um bebê quando Amy e Rory se despedem em Nova York e chorei um pouco mais quando o Doctor passa pela regeneração. Depois disso, me apeguei ao universo Who e, quando planejei minha viagem para o Reino Unido, inclui um dia em Cardiff para visitar a Doctor Who Experience, uma atração/museu sobre o seriado.

Depois de alguns meses torcendo para dar certo – descobri no começo do ano que a experience em Cardiff ia fechar – consegui meu ingresso para um dos últimos fins de semana de funcionamento. Estive lá dia 13/08 e este sábado, dia 09/09, será o último dia aberto. É triste pensar que depois desse fim de semana esse lugar não vai mais existir e ainda não temos informações de um novo local ou uma nova cidade. Espero muito que esse espaço seja reconstruído e que possa continuar recebendo fãs em Gallifrey porque foi incrível.