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Star Wars O Despertar da Força, parte 4: fidelidade sem razão

Em 1977, Star Wars estreou em 32 salas. Em 1999, A Ameaça Fantasma foi lançada em 7,7 mil. O sucesso do primeiro filme foi novamente visto nesse novo recomeço, mas desta vez, os contratos de licenciamentos se tornaram tão ou mais lucrativos que os filmes. Foram cerca de 75, para diversos produtos e direcionados para diferentes faixas etárias. A bilheteria também tinha números expressivos. Lembra daquele fã que assistia mais de uma vez? Ele continua existindo. E temos também o público casual, que vai assistir para descobrir se o filme “é tudo isso mesmo”. Mas esse filme veio com um baque: ida ao cinema e as reações ao filme foram proporcionalmente contrárias. Enquanto o público lotava as salas, as opiniões não eram muito positivas.

O impacto não foi imediato. Um crítico de cinema, Elvis Mitchell, comentou na época que Star Wars era “à prova de críticas”.

A partir daquele momento, deu para entender que o fã de Star Wars se comportava de maneira diferente. Eu já citei antes, mas isso é chave: há amor e fidelidade envolvidos. Lembra do conceito de Lovemark, do primeiro texto dessa série? A fidelidade dos fãs é explicada aqui. É o que podemos chamar de “Fidelidade Além da Razão”, que explica como as marcas sobrevivem mesmo quando cometem erros ou não satisfazem os desejos do consumidor. Como o autor explica, “só o amor faz com que os consumidores resistam a tempos difíceis, quando o bom senso lhes diz para mudar”.

Nos anos 2000, alguns acontecimentos marcaram Star Wars e ajudaram a consolidar a saga na cultura popular.

  • Em 25 de setembro de 2002, os termos “Jedi”, “A Força” e “Lado Sombrio” entraram oficialmente no Oxford English Dictionary.
  • Em 16 de maio de 2002, um filme de Star Wars foi simultaneamente lançado ao redor do mundo. Mais de setenta países receberam o filme, que teve pouca propaganda e nenhuma associação com redes de fast food. Ainda assim, o filme arrecadou 183 milhões de dólares no fim de semana de estreia, valor que já ultrapassava o orçamento do longa.

Em todo o mundo, organizações de fãs continuam unindo apaixonados pela saga. Duas delas se destacam pelo relacionamento com a marca: a Legião 501st e o Clube de Montadores de R2.

A Legião 501st é reconhecida como uma das maiores organizações de fantasiados do mundo. Seus integrantes fantasiam-se de stormtroopers. Cerca de 6.500 pessoas integram o grupo que já atuou como segurança em eventos de Star Wars e até mesmo desfilaram ao lado de George Lucas em uma das poucas aparições públicas do diretor. A Legião, criada próxima ao lançamento do segundo filme, foi homenageada no quarto, com seu nome aparecendo no roteiro e, posteriormente, nas caixas de bonecos stormtroopers. Já o clube de montadores tem mais de 13 mil integrantes e dedica-se a catalogar partes e facilitar a montagem de réplicas do personagem R2. Dois dos integrantes do grupo foram promovidos a criadores de Star Wars para a última trilogia, que começou em 2015. No longa, o R2 que aparece foi criado por esses fãs.

A interação dos fãs com Star Wars confirma o que explica Roberts: “as Lovemarks não são propriedade dos fabricantes, dos produtores, das empresas. São das pessoas que as amam”.

Em 2012, George Lucas decidiu vender a marca Star Wars para a Disney, estúdio que ele via como a solução para que o legado de Star Wars seguisse vivo por gerações. A decisão não agradou a todos, mas veio com a promessa de um novo filme, anunciado por Lucas pouco antes da venda. Hoje, já sabemos mais sobre os planos da Disney: foram 5 filmes lançados, uma série, novas áreas nos parques temáticos.

Com o lançamento do filme O Despertar da Força, em dezembro de 2015, vários fãs colocaram o assunto em discussão, em posts de blogs, e os sites de entretenimento aproveitaram a ocasião para comentar não apenas este, mas os outros filmes.

Hoje, o consumidor de Star Wars não é apenas o público geral como em seu primeiro lançamento. Apesar da ideia do roteiro continuar a mesma, há maior competição no mercado dos grandes lançamentos e a base de fãs é dividida em duas: o público geral e aqueles que transformam a marca em Lovemark.

Navegar este território pode ser perigoso e na minha opinião, os últimos filmes não souberam lidar com isso.

Os cinco filmes que chegaram aos cinemas dividiram opiniões. Similar demais ao primeiro. Muito arriscado. Pouco arriscado. Nenhum teve unanimidade de opiniões, mesmo com recorde de bilheteria. O Despertar da Força ocupa hoje a quarta maior bilheteria de todos os tempos e é a maior bilheteria doméstica dos Estados Unidos – recorde que Vingadores: Ultimato não conseguiu bater em 2019.

Rogue One teve reações positivas, já Solo passou quase desapercebido. O sucesso de bilheteria do episódio VII não se manteve nos demais filmes, apesar de estarem longe de serem considerados fracassos. Mandalorian, série para o serviço de streaming da Disney, tem recebido opiniões positivas, mas ainda não conseguimos medir exatamente por conta do serviço ainda não estar disponível em boa parte do globo.

Ainda que os resultados não tenham sido excelentes e talvez não tenham correspondido às expectativas, o entusiasmo não sumiu. Um artigo escrito por Summers, um fã da saga sobre a comunidade de fãs viralizou em 2005 e eu acredito que ele resuma muito bem o relacionamento do fã com Star Wars. Ele afirma que fãs de Star Wars odeiam Star Wars e são capazes de analisar minuciosamente todos os produtos da franquia e odiar cenas, personagens, decisões do roteiro e odiar tudo desde o primeiro lançamento, mas completa: “mas a ideia de Star Wars… a ideia nós amamos”.

FIM!

É isso, eu me dediquei a destrinchar um pouquinho a história de como Star Wars se tornou tão importante na cultura popular e amei cada segundo. Quando comecei essa pesquisa, tinha assistido só a trilogia original, e hoje posso dizer que sou fã desse universo criado por George Lucas – e fã dele também. Uso muito como inspiração pessoas que colocam sonhos e planos em prática e os realizam com tanto sucesso e ele é um exemplo incrível de pessoas assim.

Se você gostou desses posts, te indico a resenha de Como Star Wars Conquistou o Universo, aqui no blog, e também, a leitura do livro!

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