fbpx
All Posts By

Cass

Oi de volta, Paul McCartney!

2012 » Florianópolis ● 2014 » São Paulo ● 2017 » Porto Alegre ● 2019 » Curitiba ● 2023 » Curitiba

Já ouvi Paul falar gatinhas, guria, piazada, manezinhos, mano… A intenção nunca foi colecionar shows do Paul, mas quando vi, fui em 5 das 10 passagens dele pelo Brasil. Depois de passar vontade assistindo na tv em 2009/10, não consegui mais não ir. Eu quase não fui esse ano, mas assistindo à transmissão, fiquei feliz que dei um jeito porque eu ia ter me arrependido.

No primeiro show que fui, eu não sabia quase nada dos anos pós-beatles. Não sabia o impacto que é fazer parte do coral de NANANA, nem de como é incrível ver ao vivo o palco quase explodir em Live and let die. Eu comprei passagem pra Floripa no dia do show, fui sem ingresso e sozinha. Bem louca. E nesse dia o universo cuidou bem de mim porque deu tudo muito certo e eu saí do show completamente fã. De todas as eras do Paul.

Eu virei vegetariana. Fui em mais um show, dessa vez pra levar minha mãe e, de novo, no impulso (compramos ingressos e passagens 2 dias antes do show). Assisti a Beatles Anthology e botei como meta um dia ir pra Liverpool (viagem que rolou em 2017).

Também em 2017 ele voltou pra cá e eu não ia. Mas o Aerosmith cancelou um show aqui e na minha lógica girl math resolvi substituir por mais um show do Macca. E dessa vez só tinha ingresso lá pertinho, na pista premium (de novo, compramos perto da data). Eu não sabia como ia ser legal assistir colada no palco. Até no telão apareci (triste que não tenho registros). 

Eu honestamente achei que esse tinha sido o último show. Mas aí ele anunciou um na minha cidade. Não tinha como pular. Dessa vez foi bem planejado: fomos de premium, chegamos cedo e ficamos tão tão perto que deu pra assustar real em Live and Let Die (mesmo já sabendo que vinham estouros). Esse show eu nem câmera levei (só tenho alguns vídeos do celular mesmo) e aproveitei para curtir o momento. De novo, achei que era o último.

E então chegamos a 2023. Eu preciso de 5 shows do Paul? Não. Mas se der pra ir em mais um, eu vou. Não consegui comprar ingressos quando abriu a venda e tava tudo bem. Eu já tinha visto 4 shows. Mas sempre espiava o site pra ver se os ingressos iam voltar. E voltaram. Ainda bem.

Ver o Paul é sempre uma emoção. E não é sempre a mesma. Começou com “Meu Deus, é um Beatle ali” e chegou em “Que bom que você ainda está aqui, Paul”. Ele não cansa de surpreender.

E continua incrível. É muito bom ver que ele faz o que faz por amor. Que estar no palco é um alimento. Mas não deu pra não perceber que ele está envelhecendo e não sei quanto tempo mais vamos ter pra curtir ele nos palcos. Sou imensamente feliz por ter vivido a beatlemania, do meu jeito, na última década.

Paul é um gênio da música e vai sempre ser reconhecido como um. Sorte a nossa de viver na mesma era que ele e poder aproveitar ao vivo e a cores tanto talento e dedicação.

Star Wars O Despertar da Força, parte 4: fidelidade sem razão

Em 1977, Star Wars estreou em 32 salas. Em 1999, A Ameaça Fantasma foi lançada em 7,7 mil. O sucesso do primeiro filme foi novamente visto nesse novo recomeço, mas desta vez, os contratos de licenciamentos se tornaram tão ou mais lucrativos que os filmes. Foram cerca de 75, para diversos produtos e direcionados para diferentes faixas etárias. A bilheteria também tinha números expressivos. Lembra daquele fã que assistia mais de uma vez? Ele continua existindo. E temos também o público casual, que vai assistir para descobrir se o filme “é tudo isso mesmo”. Mas esse filme veio com um baque: ida ao cinema e as reações ao filme foram proporcionalmente contrárias. Enquanto o público lotava as salas, as opiniões não eram muito positivas.

O impacto não foi imediato. Um crítico de cinema, Elvis Mitchell, comentou na época que Star Wars era “à prova de críticas”.

A partir daquele momento, deu para entender que o fã de Star Wars se comportava de maneira diferente. Eu já citei antes, mas isso é chave: há amor e fidelidade envolvidos. Lembra do conceito de Lovemark, do primeiro texto dessa série? A fidelidade dos fãs é explicada aqui. É o que podemos chamar de “Fidelidade Além da Razão”, que explica como as marcas sobrevivem mesmo quando cometem erros ou não satisfazem os desejos do consumidor. Como o autor explica, “só o amor faz com que os consumidores resistam a tempos difíceis, quando o bom senso lhes diz para mudar”.

Nos anos 2000, alguns acontecimentos marcaram Star Wars e ajudaram a consolidar a saga na cultura popular.

  • Em 25 de setembro de 2002, os termos “Jedi”, “A Força” e “Lado Sombrio” entraram oficialmente no Oxford English Dictionary.
  • Em 16 de maio de 2002, um filme de Star Wars foi simultaneamente lançado ao redor do mundo. Mais de setenta países receberam o filme, que teve pouca propaganda e nenhuma associação com redes de fast food. Ainda assim, o filme arrecadou 183 milhões de dólares no fim de semana de estreia, valor que já ultrapassava o orçamento do longa.

Em todo o mundo, organizações de fãs continuam unindo apaixonados pela saga. Duas delas se destacam pelo relacionamento com a marca: a Legião 501st e o Clube de Montadores de R2.

A Legião 501st é reconhecida como uma das maiores organizações de fantasiados do mundo. Seus integrantes fantasiam-se de stormtroopers. Cerca de 6.500 pessoas integram o grupo que já atuou como segurança em eventos de Star Wars e até mesmo desfilaram ao lado de George Lucas em uma das poucas aparições públicas do diretor. A Legião, criada próxima ao lançamento do segundo filme, foi homenageada no quarto, com seu nome aparecendo no roteiro e, posteriormente, nas caixas de bonecos stormtroopers. Já o clube de montadores tem mais de 13 mil integrantes e dedica-se a catalogar partes e facilitar a montagem de réplicas do personagem R2. Dois dos integrantes do grupo foram promovidos a criadores de Star Wars para a última trilogia, que começou em 2015. No longa, o R2 que aparece foi criado por esses fãs.

A interação dos fãs com Star Wars confirma o que explica Roberts: “as Lovemarks não são propriedade dos fabricantes, dos produtores, das empresas. São das pessoas que as amam”.

Em 2012, George Lucas decidiu vender a marca Star Wars para a Disney, estúdio que ele via como a solução para que o legado de Star Wars seguisse vivo por gerações. A decisão não agradou a todos, mas veio com a promessa de um novo filme, anunciado por Lucas pouco antes da venda. Hoje, já sabemos mais sobre os planos da Disney: foram 5 filmes lançados, uma série, novas áreas nos parques temáticos.

Com o lançamento do filme O Despertar da Força, em dezembro de 2015, vários fãs colocaram o assunto em discussão, em posts de blogs, e os sites de entretenimento aproveitaram a ocasião para comentar não apenas este, mas os outros filmes.

Hoje, o consumidor de Star Wars não é apenas o público geral como em seu primeiro lançamento. Apesar da ideia do roteiro continuar a mesma, há maior competição no mercado dos grandes lançamentos e a base de fãs é dividida em duas: o público geral e aqueles que transformam a marca em Lovemark.

Navegar este território pode ser perigoso e na minha opinião, os últimos filmes não souberam lidar com isso.

Os cinco filmes que chegaram aos cinemas dividiram opiniões. Similar demais ao primeiro. Muito arriscado. Pouco arriscado. Nenhum teve unanimidade de opiniões, mesmo com recorde de bilheteria. O Despertar da Força ocupa hoje a quarta maior bilheteria de todos os tempos e é a maior bilheteria doméstica dos Estados Unidos – recorde que Vingadores: Ultimato não conseguiu bater em 2019.

Rogue One teve reações positivas, já Solo passou quase desapercebido. O sucesso de bilheteria do episódio VII não se manteve nos demais filmes, apesar de estarem longe de serem considerados fracassos. Mandalorian, série para o serviço de streaming da Disney, tem recebido opiniões positivas, mas ainda não conseguimos medir exatamente por conta do serviço ainda não estar disponível em boa parte do globo.

Ainda que os resultados não tenham sido excelentes e talvez não tenham correspondido às expectativas, o entusiasmo não sumiu. Um artigo escrito por Summers, um fã da saga sobre a comunidade de fãs viralizou em 2005 e eu acredito que ele resuma muito bem o relacionamento do fã com Star Wars. Ele afirma que fãs de Star Wars odeiam Star Wars e são capazes de analisar minuciosamente todos os produtos da franquia e odiar cenas, personagens, decisões do roteiro e odiar tudo desde o primeiro lançamento, mas completa: “mas a ideia de Star Wars… a ideia nós amamos”.

FIM!

É isso, eu me dediquei a destrinchar um pouquinho a história de como Star Wars se tornou tão importante na cultura popular e amei cada segundo. Quando comecei essa pesquisa, tinha assistido só a trilogia original, e hoje posso dizer que sou fã desse universo criado por George Lucas – e fã dele também. Uso muito como inspiração pessoas que colocam sonhos e planos em prática e os realizam com tanto sucesso e ele é um exemplo incrível de pessoas assim.

Se você gostou desses posts, te indico a resenha de Como Star Wars Conquistou o Universo, aqui no blog, e também, a leitura do livro!

Star Wars O Despertar da Força, parte 3: universo em expansão

O segundo filme de Star Wars, O Império contra-ataca, revelou-se como o Episódio V, deixando as pessoas confusas com a cronologia da história e sobre quantos filmes já tinham sido feitos. A numeração revelou, no entanto, que outros episódios estavam por vir. A ideia não agradou muitos fãs, que perceberam que demoraria anos até que a história toda fosse contada, e vários duvidaram do sucesso a longo prazo da franquia.

A ideia de expansão estava clara, mas até então, os filmes, especiais para TV e outros derivados de Star Wars tinham passado por dificuldades em sua produção.  Além das dificuldades financeiras, George Lucas também via as possibilidades de não ter algum de seus atores principais envolvidos com projetos futuros e a partir daí as ideias para os roteiros dos filmes e livros passaram a abranger universos maiores.

Se tem uma coisa que eu admiro no George Lucas é a sua visão. Star Wars pode ser paixão, mas também foi um negócio, e um muito rentável. Ele teve muita frieza e estratégia para garantir que Star Wars continuasse no futuro como algo autossustentável e uma expansão era a chave para isso: vários personagens, várias épocas. Star Wars se transformou em um universo e não uma só narrativa com começo, meio e fim.

Mais contratos envolvendo a marca foram assinados e a Lucasfilm passou a ser ainda mais restrita com a venda de produtos relacionados à série. A busca por lucro, no entanto, não distanciou a marca de seus fãs. A gente sabe que a Lucasfilm é bem rígida quando se trata de direitos autorais e lucros, mas ao mesmo tempo, durante a história, a saga apoiava a produção de conteúdo que viesse de fãs e mantivesse a história viva. Craig Miller foi o primeiro presidente de relacionamento com os fãs da Lucasfilm e foi nas mãos dele que surgiu uma política para fanzines.

Apesar de ser algo apoiado pela Lucasfilm, não foi uma política bem recebida pelo estúdio e a luta foi para convencer que conteúdo gerado por fãs teria um efeito positivo. Nunca chegou a existir uma proibição para a participação dos fãs com a franquia, e esse tipo de proximidade ajuda qualquer marca a criar relacionamentos duradouros com seus consumidores. A única regra, exigida por Lucas era de não criar produtos eróticos de Star Wars. Todas as criações deveriam ser feitas levando em conta o público alvo dos filmes, crianças e adolescentes.

Desde então, a comunidade global de fãs de Star Wars criou histórias, filmes, convenções e cresceu ao redor do mundo. O amor e fidelidade desses fãs, faz de quem compra os produtos de Star Wars mais que simples consumidores.

Os fãs sempre foram importantes para a saga durante o lançamento dos três primeiros filmes, mas tiveram um papel ainda mais relevante nos anos que seguiram o lançamento do terceiro filme. Quando lançado, o mundo estava mais obcecado que nunca pela história, mas depois de 1985, com os filmes encerrados, parecia questão de tempo para que Star Wars se tornasse apenas uma história de sucesso do cinema das décadas de 70 e 80.

Entre 1986 e 1999, quando os filmes enfim foram retomados, o que manteve a força da marca Star Wars viva foi a dedicação dos fãs mais radicais. Em 1986, aconteceu o que seria uma primeira convenção de Star Wars. Cerca de 10 mil fãs compareceram e puderam ouvir de George Lucas que, quem sabe um dia, novos filmes seriam lançados. Em 1987, foi lançado um RPG de Star Wars. O jogo não apenas preservou a imagem de Star Wars, mas ajudou a catalogar e ampliar o universo e personagens criados. Esse lançamento foi o passo inicial do que seria o Universo Expandido de Star Wars. Em 1988 surgiu a ideia de levar o mundo de Star Wars para a literatura, com novas histórias e personagens. O primeiro livro foi oficialmente lançado em maio de 1991, esgotou tiragens e chegou à lista do New York Times Best-sellers dois meses depois. A narrativa retoma a história cerca de cinco anos depois dos eventos dos primeiros filmes e é considerado por muitos o começo das sequências criadas para além dos cinemas.

Entre 1991 e 2013, pelo menos dez romances sobre Star Wars foram lançados por ano. Só em 1997, 22 novos livros chegaram às lojas. Recentemente, o maior choque que a venda de Star Wars causou foi a decisão da Disney de desconsiderar o Universo Expandido criado até então para dar mais liberdade criativa para os envolvidos nas novas produções. Hoje, 21 títulos de Star Wars são considerados “canônicos” e centenas considerados “lendas”. São vários escritores profissionais e, muitos deles, fãs dos filmes.

Desde o começo de sua história, dezenas de filmes paródias foram lançados. Elas surgiam em maior número próximo aos lançamentos dos filmes, e eram apoiadas pelo diretor. A Lucasfilm decidiu oficialmente apoiar o movimento e criou o Prêmio Oficial de Filmes de Fã de Star Wars.

O dono da maior coleção de Star Wars do mundo, reconhecida em 2013 pelo Guinness dos recordes, possui um pôster assinado por George Lucas que confere a ele o título de “Fã Supremo”. Steve Sansweet conta que, para ele, os bonecos, roupas, réplicas e outros objetos da saga criados por fãs têm um valor especial na coleção. São itens que mostram a paixão e que diferenciam Star Wars de outros universos de fãs.

Em 1987, o vice-presidente da parte de licenciamento da Lucasfilm chegou a ouvir de revendedores de brinquedos que Star Wars estava morto. George Lucas, já naquela época, entendia o poder do amor do público pela saga e o que ele disse é uma das minhas frases favoritas de Como Star Wars Conquistou o Universo:

“Não, Star Wars não está morto; está apenas descansando. Um monte de crianças adora aqueles filmes. Algum dia elas crescerão e terão os próprios filhos. Podemos trazer Star Wars de volta então”.

Os livros, games e fãs mantiveram a marca viva desde então até 1999, quando um novo Star Wars chegou aos cinemas, mostrando que George Lucas estava certo.

Clique aqui para ler a parte 4: Fidelidade sem razão

Ou retorne para a parte 2: Consolidação, e a parte 1: Como a saga surgiu

Star Wars O Despertar da Força, parte 2: consolidação

Passado o choque inicial, até mesmo céticos, como Gary Kurtz, que foi um dos produtores do filme começaram a acreditar que Star Wars seria um sucesso. Uma fala sua, publicada em Como Star Wars Conquistou o Universo diz que: “Nós estávamos desconsiderando as filas com base que, nas primeiras três ou quatro semanas, provavelmente não haveria nada além de fãs de ficção científica. Foi apenas após um mês, quando eles continuavam lá, que percebemos que era um fenômeno que se autoperpetuava”.

Uma pesquisa de mercado feita em 1977 com mil crianças mostrou que um terço já tinha visto o filme, e 15% tinha visto mais de uma vez. De acordo com Chris Taylor, “o público americano em geral não andava tão louco assim por um único ponto focal cultural desde os Beatles. Star Wars estava completamente na moda”.

A divulgação de Star Wars foi inovadora para a época. Estar próximo ao público e ter a narrativa expandida para livros, quadrinhos e action figures sempre esteve nos planos e, em 1976, Star Wars apresentou o conceito do primeiro filme para fãs na San Diego Comic Con, em um painel muito diferente dos que temos hoje. No mesmo ano, também participou da 34ª Convenção Mundial de Ficção Científica. Uma versão romantizada do roteiro foi lançada em 1976 e, em conjunto com a Marvel, foram lançados dois volumes de histórias em quadrinhos de Star Wars antes da estreia do filme, com outros três planejados para depois da estreia.

Após estar nos cinemas, Star Wars ainda era um nome comentado e colhia bons resultados:

  • O filme comemorava a venda de 133 milhões de dólares em ingressos.
  • O álbum da trilha sonora tinha vendido 1,3 milhão de unidades.
  • O livro de bolso de Alan Dean Foster, o ghost writer responsável pela romantização do roteiro do primeiro filme, chegou a ser o quarto best-seller no país.

Peter Biskind, autor do livro Como a geração sexo, drogas e rock’n’roll salvou Hollywood conta que “Star Wars acordou os estúdios para o potencial do merchandising, mostrando que a venda de livros, camisetas e bonecos podia ser uma fonte significativa de lucros. As investidas de merchandising de Star Wars, em vez de simplesmente promover o filme, como acontecia no passado, ganharam vida própria”.

O sucesso do filme deixou seu público querendo mais. Uma indagação constante entre os fãs eram algumas pontas soltas no roteiro e se elas teriam explicação. Sequências de filmes, não eram, no entanto, comuns ou populares. Mas Star Wars não acabou ali. O longa foi responsável por um renascimento da ficção científica. Histórias já existentes pegaram embalo no sucesso e muitas outras surgiram.

Já no fim de 1977, George Lucas começou a trabalhar num futuro roteiro para uma continuação, mas esse anúncio não fez muito barulho. Neste momento da história, continuações nunca tinham rendido tanto quando o original. O filme estava previsto para 1980, mas a Twentieth Century Fox, estúdio responsável por Star Wars, achava muito tempo para um novo episódio ser lançado. Foi então que, no início de 1978, contratou um produtor para o que seria a primeira aparição de Star Wars na televisão. Um episódio especial de Natal, que foi ao ar naquele ano, mas foi uma grande decepção.

O roteiro não trouxe os protagonistas que conquistaram o público no primeiro filme, não chamou a atenção dos espectadores e teve perda de audiência enquanto estava no ar. Era de interesse mútuo de George Lucas e do estúdio, assim como dos vendedores de brinquedos, que Star Wars tivesse uma continuação. George Lucas teve pouco envolvimento com a produção do especial, e, por sua vontade, pretendia não se envolver completamente com os novos filmes. Gostaria que Star Wars fosse algo além dele. No entanto, com o fracasso do episódio, percebeu que precisaria estar presente na produção do segundo longa.

A produção do filme passou por problemas de orçamento e o auxílio veio da venda de brinquedos, que tinha rendido mais de 200 milhões de dólares. A produção do segundo filme foi indiretamente paga pelos fãs da saga.

Durante toda a produção, detalhes da história permaneceram segredo absoluto, especialmente a grande revelação da história: o vilão era pai do mocinho. Só um detalhe mudou tudo: O império contra-ataca também foi vendido como livro. Uma semana antes da estreia nos cinemas, os fãs mais radicais já tinham uma ideia do que aconteceria nos cinemas. Mais de 3 milhões de cópias foram vendidas e, mais uma vez, Star Wars mostrava que era muito mais que um filme.

Nos cinemas veio mais sucesso. Tanto na bilheteria como também nas críticas. O Império contra-ataca arrecadou 500 milhões de dólares na bilheteria, o que fez dele a continuação de maior sucesso nos cinemas até então – e ainda hoje vemos reconhecimento de fãs e críticos. Foi aí que perceberam que era o momento de expandir o universo.

Clique aqui para ler a parte 3: universo em expansão
Clique aqui para voltar para a parte 1: como a saga surgiu

Star Wars O Despertar da Força, parte 1: Como a saga surgiu

Em 2015, Star Wars ressurgiu. Não que estivesse completamente desaparecido, mas com o lançamento do sétimo episódio, O Despertar da Força, Star Wars estava por todos os lados. E eu, que estava fazendo estudando marketing e comunicação digital, decidi estudar o renascer dessa história e como ela se manteve viva por tantos anos. Esse texto já devia ter visto a luz do sol há anos, mas antes tarde do que nunca.

Desde que começaram as ações de pré-lançamento, alguns números já nos faziam imaginar o sucesso que estava por vir:

  • O primeiro teaser, lançado em novembro de 2014, teve 40 milhões de visualizações em 72 horas.
  • O último trailer foi exibido durante o intervalo de um jogo da NFL e teve mais audiência do que o SuperBowl (!).
  • Em seguida, o trailer foi para a internet e atingiu mais de 14 milhões de visualizações em pouco mais de um dia.
  • Na pré-venda de ingressos, a procura foi tão alta que tirou do ar os sites de vendas.
  • O filme bateu o recorde histórico de primeiro dia de vendas nos Estados Unidos, com oito vezes mais vendas que Jogos Vorazes, que mantinha o título desde 2012.
  • Dois meses antes da estreia, salas já estavam lotadas em todo o mundo.

A gente sabe que hoje, Star Wars é mais do que uma série de filmes. Star Wars é referência na cultura global e na história do cinema. Dia comemorativo no calendário, comunidades de fãs, eventos temáticos e empolgação eterna com novos produtos fazem Star Wars diferente de outros filmes. Sim, temos outros exemplos de histórias que também poderiam ser citadas aqui, mas hoje a ideia é falar um pouco sobre o relacionamento dos fãs com a saga e tentar entender como Star Wars se tornou uma Lovemark – definição criada por Kevin Roberts, CEO da SAATCHI & SAATHI para as marcas e as empresas que criam conexões emocionais com seu público.

UM POUQUINHO DE HISTÓRIA

Quando foi lançado, em 1977, Star Wars era diferente da maior parte dos filmes que estrearam naquela década. A indústria cinematográfica estava focada em filmes criados para a geração baby boomer, que tinha vivido o período da Guerra do Vietnã. Os filmes eram realistas, com personagens complexos e finais infelizes. Era um cinema sofisticado, hoje considerado clássico, e marcado por diretores respeitados, como Francis Coppola e Martin Scorsese.

George Lucas percebeu uma necessidade do público que estava começando a consumir os produtos de entretenimento, os filhos dos baby boomers. Eram crianças e pré-adolescentes, entre 10 e 12 anos, que não tinham a guerra como uma forte referência da sua geração e também não tinham vivido o mundo de fantasia que George Lucas viveu na sua infância. Na época, parece que até a Disney tinha desistido de seu domínio pelo mercado infantil e nada a substituiu.

Surgiu então Star Wars. O roteiro era de um filme infantil de moralidade básica: certo e errado, herói e do vilão, personagens simples, aventuras e finais felizes.

Contando assim, parece que a fórmula do sucesso foi simples, mas é só uma suposição. Chris Taylor, um estudioso da franquia, conta que desde o primeiro filme, em 1977, nem fãs e críticos conseguem explicar o apelo de Star Wars com certeza do que estão dizendo. Desde o primeiro dia nos cinemas, Star Wars bateu recordes e mostrou que era algo fora do comum.

O filme estreou em uma quarta-feira, quando o público alvo de George Lucas estava na escola. Ainda assim, arrecadou 255 mil dólares naquele dia. Em média, foram arrecadados 8 mil dólares por sala que exibiu o longa – valor que os cinemas geralmente ganhavam em uma semana.

Aqui, muita gente ainda não considerava Star Wars extraordinário. Foi um detalhe que começou a mudar a percepção das pessoas: a venda de bottons e camisetas do filme nas portas dos cinemas, as filas que não desapareciam e o surgimento de um novo tipo de fã: o que assistia várias vezes.

Clique aqui para ler a parte 2: consolidação

Resenha: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

Em 2003, o terceiro livro da série resgatou meu amor por Harry Potter e me mostrou que eu poderia passar horas e horas perdida em Hogwarts sem me importar. Desta vez, o sentimento foi bem parecido. Bora pra resenha de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban?

Neste livro, o tom da história muda um pouco: durante toda a história a sensação de perigo nos acompanha e, mesmo que no ano anterior a gente tenha convivido com sussurros e petrificações, desta vez sim o perigo parece constante e torna a narrativa completamente imersiva. Além disso, são tantos personagens novos e importantes que começamos a entender melhor a saga como um todo e não livros isolados. Eu não tenho dúvidas de que é um dos meus preferidos.

Juntamente com Rony e Hermione, seus melhores amigos, Harry Potter está no terceiro ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Os assustadores guardas da prisão de Azkaban foram chamados para vigiar as entradas da escola, pois um perigoso assassino está foragido e tudo indica que seu alvo é o herdeiro de Lílian e Tiago Potter. O que acontecerá com Harry diante dessa ameaça?
Em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, o leitor estará mais uma vez mergulhando no mundo mágico de Hogwarts e participando de aventuras repletas de imaginação, humor e emoção, que repetem o encantamento proporcionado pelos livros anteriores dessa maravilhosa série de J.K. Rowling.

O terceiro livro da saga já começa acelerado, te jogando pra dentro do novo mistério. Antes mesmo de chegarmos em Hogwarts, a narrativa nos apresenta novos fatos, personagens e acontecimentos. Autorização para Hogsmeade, um fugitivo, uma tia chata e um Harry já mais velho e começando a ter mais atitude (ou rebeldia adolescente). Aqui também a ideia de que o Harry corre perigo em especial passa a ser constante (em Pedra Filosofal isso quase não acontece e, em Câmara Secreta, apesar do basilísco estar presente o tempo todo, Harry está relativamente seguro por não ter nascido em família trouxa).

Pela primeira vez, Harry não está ativamente procurando solucionar o mistério e, por conta disso, nós conseguimos aproveitar mais a vida em Hogwarts com ele. Novas informações aparecem o tempo todo e elas chegam até nós.

Quem está mais insuportável que o normal nesse livro é Snape. Eu sou apaixonada pela história dele e como a JK amarrou tudo no fim, mas nesse livro não dá pra ter simpatia por ele. Nos dois primeiros vemos ele sendo um típico bully com alunos e, dessa vez, o escolhido é o professor Lupin. Propositalmente ele tenta fazer os alunos descobrirem que ele é lobisomem, ele culpa o Lupin pela entrada do Sirius no castelo e em vários outros momentos ele é simplesmente insuportável, mimado e imaturo. Nestes momentos sempre tento me lembrar da pouca idade dele, que, não justifica, mas torna mais aceitável ele agir como um babaca.

Apesar de amar a maior parte do que acontece nesse livro, a releitura me fez pensar algumas coisas:

O que o Sirius, um bruxo super poderoso, tinha na cabeça quando ele age feito um maluco na cena da Casa dos Gritos? Ainda bem que essa cena tem uma das partes mais amor de toda a saga, quando Harry acredita nele.

Por que o Dumbledore aceita falar com o Sirius? Pra saber mais? Será que ele já suspeitava de algo? POR QUE eles não usam um veritaserum nele?

Sei que algumas razões são para garantir a narrativa, mas ainda assim, teríamos caminhos diferentes para seguir e, pelo menos assim, Harry e Sirius teriam alguns anos felizes juntos (claramente ainda não superei o que acontece em Ordem da Fênix).

ENFIM

Esse livro é um ponto de virada na narrativa pelo tanto de informações importantes para o futuro. É também onde vemos Harry começar a crescer e problemas de qualquer adolescentes começam a se unir ao que acontece com ele no mundo mágico. Num geral, Prisioneiro de Azkaban é responsável por nos apresentar personagens inesquecíveis e terminar a parte mais introdutória da saga. A partir de agora, temos mais desenvolvimento que apresentação de fatos, magias ou personagens novos.

Leia as outras resenhas da série:

Harry Potter e a Pedra Filosofal
Harry Potter e a Câmara Secreta

Ficha técnica
Autor: J.K. Rowling
Editora: Rocco
Ano: 2000
Páginas: 394
ISBN-10: 8532512062

imagem divulgacao birdbox netflix

Bird Box: filme x livro

Bird Box está dividindo opiniões. Alguns amaram o filme, outros odiaram. Quem leu o livro antes de assistir ao filme, diz que a história das páginas é muito melhor que a do longa. Eu assisti ao filme e gostei, mas fiquei com vontade de ler para entender alguns detalhes da história e resolvi trazer aqui um comparativo dos dois.

Para poder realmente comparar, preciso tratar em detalhes das histórias, então esse post tem spoilers, do livro e do filme. 

No geral, gostei das duas histórias, mas elas são cheias de detalhes particulares. Algumas alterações são feitas para deixar a história mais fácil de entender em formato de filme, outras, são mudanças na história mesmo (e algumas eu vi como forma de deixar o filme mais crível já que o autor forçou a barra em alguns momentos).

Ao contrário de algumas críticas, não achei a história do livro tão melhor que a do filme. Ela arruma alguns pontos confusos e tem alguns acontecimentos narrados de forma mais atrativa, mas não achei a diferença tão significativa assim (talvez eu estivesse com expectativas altas para o livro). Enfim, são duas histórias ótimas para uma sessão pipoca!

Para explicar um pouquinho mais, separei aqui cinco pontos que me chamaram a atenção pelas diferenças.

Birdbox Filme x Livro

  1. Já no começo da história vemos diferenças entre filme e livro. Sabe a Melorie do filme, uma gestante com medo de não ter uma conexão com seu filho? Ela não existe no livro, e essa característica dá um ponto de vista bem diferente para a cena no barco, quando alguém precisa enxergar.
  2. Os sobreviventes da casa também são diferentes. Desde como foram parar ali, suas histórias antes e dentro da casa. Não faz tanta diferença no todo da história, mas essa parte é bem mais rica no livro. Cachorros acompanham os humanos, Tom tinha uma filha e Gary, ao invés de forçar as pessoas a abrirem os olhos, convence um dos moradores a fazer isso.
  3. No livro, a cena do parto é muito mais tensa e termina com apenas Malorie viva. Tom não sobrevive para ajudar a criar as crianças e não existe um romance entre os dois (nem tem tempo pra isso acontecer).
  4. As criaturas do livro encostam nas pessoas. Malorie tem dois encontros com elas e, em um deles, a criatura chega a tirar um pedaço da venda de Malorie, que mantém os olhos fechados. A convivência com as criaturas nos livros nos faz crer que nunca foi o objetivo delas matar pessoas.
  5. A chegada no santuário é bem diferente (Malorie já é resgatada próxima do rio), ele não é uma escola para cegos (mas sim um lugar onde as pessoas se cegaram depois de um incidente com as criaturas) e a médica do começo do filme não está lá (no livro ela nem existe).

Já leu o livro? Assistiu ao filme? Me conta o que achou!

Resenha: Caixa de pássaros, Josh Malerman

Assisti Bird Box durante a CCXP 2018 e tenho certeza que a minha experiência foi muito diferente de quem assistiu em casa – especialmente se comparada à quem assistiu depois de todo o boom do filme, que trouxe muitas expectativas. Eu gostei muito do que vi, mas fiquei mesmo foi com vontade de ler para poder entender algumas coisas. Comprei o livro no Natal e foi a minha primeira leitura de 2019.

Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler. 
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão. (Fonte: Skoob)

A história começa quando Malorie se muda com a irmã e desconfia que está grávida. Enquanto sua vida muda internamente, notícias de assassinatos e suicídios começam a se tornar frequentes nos noticiários. Algo está enlouquecendo as pessoas, ninguém sabe o que é e olhar para o que quer que seja desencadeia a loucura. Uma onda de pânico assombra o mundo, que vive uma espécie de apocalipse.

Por conta de alguns acontecimentos, Malorie acaba em uma casa com sobreviventes e vamos lendo sobre seus esforços para continuarem vivos. Ao mesmo tempo, a narrativa intercala com acontecimentos mais recentes. Também no comecinho do livro descobrimos que Malorie e duas crianças estão saindo da casa e seguindo uma viagem de barco às cegas para chegar a um lugar mais seguro. A narrativa então se divide entre as dificuldades dessa viagem, que acontece quase cinco anos após o começo da história, e o início da luta para sobreviver a esse mal.

Se seguisse uma ordem cronológica, possivelmente o livro ficaria chato ou muito tenso em algum momento, então a divisão de temas entre os capítulos foi muito bem utilizada para manter o leitor interessado (e também nervoso) o livro todo. É uma leitura tensa, que não conseguimos largar, por estar sempre a beira de algum acontecimento importante.

Conclusão

Apesar de ter gostado muito do livro, não achei uma história sensacional (talvez culpa de expectativas, criadas lendo muito sobre como o livro é melhor ao filme). Achei algumas cenas difíceis de acreditar e que o autor força a barra em vários momentos. Tudo bem que é um apocalipse e lemos sobre o instinto humano de sobrevivência, mas ainda assim.

Num geral, é uma leitura que flui super rápido e um livro ótimo para quem quer uma história fácil de começar a ler, que te deixa querendo mais o tempo todo.

Ficha técnica
Autor: Josh Malerman
Editora: Intrínseca
Ano: 2015
Páginas: 272
ISBN-10: 8580576520

Comparei o filme com o livro! Tem spoilers, mas é legal para quem viu um ou o outro e quer saber o que tem de diferente. Clique aqui para ler o comparativo Birdbox filme x livro!

Resenha: Harry Potter e a Câmara Secreta, J.K. Rowling

Na primeira vez que li Harry Potter, lembro que a Câmara Secreta me prendeu muito com o suspense com o monstro da câmara secreta e me deixava até meio apavorada lendo os sussurros que Harry ouvia pelas paredes. Agora, infelizmente, não foi a melhor das leituras. Continua sendo Harry Potter, continua sendo meu xodó, mas a partir de hoje quando me perguntarem qual livro eu menos gosto, já tenho a resposta.

Depois de férias aborrecidas na casa dos tios trouxas, está na hora de Harry Potter voltar a estudar. Coisas acontecem, no entanto, para dificultar o regresso de Harry. Persistente e astuto, nosso herói não se deixa intimidar pelos obstáculos e, com a ajuda dos fiéis amigos Weasley, começa o ano letivo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
As novidades não são poucas. Novos colegas, novos professores, muitas e boas descobertas e… um grande e perigoso desafio. Alguém ou alguma coisa ameaça a segurança e a tranquilidade dos membros de Hogwarts. Como eliminar definitivamente esse mal e restaurar a paz na escola?
Harry Potter e a câmara secreta está repleto de aventuras fantásticas e recheado de surpresas que irão proporcionar ao leitor o mágico prazer da leitura.

Eu não tenho nem palavras pra explicar como a história de Câmara Secreta não me motivou como a dos outros livros (até o momento, já li também o terceiro da série). Quando era criança, demorei para ler, mas dentro do meu normal. Apesar de o suspense ser interessante, o modo como a J.K. conduziu essa trama principal da história e os outros acontecimentos, somado a personagens sem graça, deixaram essa leitura quase cansativa.

Esse livro nos apresenta um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas muito chato: Gilderoy Lockhart. Como os filmes aliviaram a personalidade dele – que fica ainda mais exagerada e inconveniente com a ideia de Colin e Gina idolatrando Harry, algo que também ficou muito menos evidente nos filmes. Além disso, conhecemos também o Dobby – de quem eu até gostei quando era criança, mas que dessa vez me irritou em vários momentos, complicando ainda mais as coisas.

Só me prometa que nunca mais vai tentar salvar minha vida – Harry para Dobby.

Nesse segundo ano em Hogwarts, encontramos novos perigos. Um deles, desconhecido e temido até pelos professores. Diz a lenda que Salazar Sonserina, um dos fundadores de Hogwarts, construiu uma câmara secreta na escola e colocou um monstro para viver lá. Esse monstro só poderia ser controlado por um herdeiro dele e atacaria os alunos que, para esse fundador, não eram dignos de estudar em Hogwarts: os nascidos trouxas. Pouco depois do começo do ano letivo, esse monstro começa a atacar e o mistério começa: a câmara é realmente real? Já aconteceu antes? Quem seria o herdeiro de Sonserina?

Os ataques são relativamente afastados uns dos outros, o que dá tempo de Harry, Rony e Hermione criarem mil teorias sobre o que pode estar acontecendo e me fez pensar que esse livro é o que mais exagera no heroísmo de Harry – não estamos falando aqui de ele, com os amigos, invadirem um local proibido e conseguirem desvendar magias. É toda a escola que está envolvida em uma situação de altíssimo risco durante um ano inteiro e parece que só eles vão atrás da solução. Esse enredo me fez questionar muitas coisas que minha mente infantil ignorou com facilidade. Ninguém antes conseguiu uma mínima pista do que poderia ser o monstro do Salazar Sonserina? Os pais dos alunos petrificados foram avisados? Com alunos sendo atacados, o pai do Malfoy ia realmente se incomodar em apenas afastar Dumbledore e deixar o ano letivo continuar? Que escola doida é essa que, vivendo a mesma situação que 50 anos antes terminou em uma morte, continua aberta e com aulas normais? O que se passava na cabeça dos professores? Não vou negar, foi bem chato perceber esses detalhes agora lendo mais velha.

Mas mesmo com tudo isso, JK Rowling continua mestra em contar pedaços da história que vamos precisar no futuro, como por exemplo, como o Ministério da Magia é uma instituição que age com base em remediar os problemas e esconder o que realmente está acontecendo ao invés de trabalhar para solucionar a questão – honestamente, não é surpresa que Voldemort tenha se tornado tão popular e nunca tenha sido preso por isso. Na resenha de Pedra Filosofal, comentei que Rowling criou um mistério atrás do outro. Dessa vez, um grande problema guia a narrativa da história toda, o que deu uma carinha de suspense para a narrativa, que só é solucionada mesmo nas últimas páginas.

Apesar das críticas, esse livro teve muita coisa que achei incrível: magia sendo aplicada em objetos trouxas, um clube de duelos, nós conhecemos mais sobre plantas e criaturas no mundo mágico, também entramos na sala comunal da Sonserina, aprendemos mais sobre as trevas – tanto quando acidentalmente caímos na Travessa do Tranco quanto nas cenas em que Lucio Malfoy dá o ar da graça. Individualmente, Câmara Secreta não tem tanto brilho, mas é uma peça absurdamente importante para o total da história, como a dica do Harry, Voldemort e Salazar Sonserina serem ofidioglotas. Esse livro já trabalha muito mais nos mostrando que a história criada pela Rowling é muito mais que o presente em Hogwarts.

Câmara Secreta também tem mil versões lançadas, inclusive a ilustrada que está maravilhosa, caso você ainda não tenha lido Harry Potter ou esteja pensando em reler.

Outras resenhas da série:

Harry Potter e a Pedra Filosofal

Ficha técnica
Autor:
J.K. Rowling
Editora: Rocco
Ano: 2000
Páginas: 252
ISBN-10: 853251166X

Geek City 2018, como foi?

Passei o último fim de semana no Geek City 2018 e estou tão feliz que esse evento existe que resolvi passar aqui com um resumão. Fui em dois dos três dias e tanto no sábado como no domingo, vi muita gente se divertindo, fosse nos painéis, na arena de games, nos vários estandes ou andando pelo local encontrando cosplays. De acordo com a organização, mais de 30 mil pessoas passaram pelo evento.

Como games não são meu forte, passei a maior parte do tempo passeando pelos estandes e assistindo aos painéis do Main Stage. Os temas foram bem variados, de startups a UFOs, passando por produção de conteúdo para youtube e grandes produções da tv e cinema.

No sábado, Carlos Villagrán, o Kiko do Chaves, encantou demais. Conversou e contou, num belo portunhol, histórias de sua vida (sabia que ele era jornalista esportivo na Copa de 1970, que o Brasil venceu no méxico?) como virou ator e foi parar no Chaves e até porque saiu do programa. Ele é naturalmente engraçado e muito simpático.

Também pudemos ver ele como Kiko e, apesar de ser algo que nunca imaginei ver na vida, foi muito legal. Ele trouxe para o palco o mesmo humor bobo e inocente de Chaves. Não teve quem não saiu um pouco mais leve dali. 

Ainda no sábado o dublador Guilherme Briggs trouxe um assunto super legal para o debate, que é a dublagem brasileira. Falou de mercado de trabalho, sua carreira, fez a voz de alguns personagens queridinhos, como Buzz Lightyear e Mickey, e contou algumas curiosidades sobre dublagem: sabia que a dublagem de O Corcunda de Notre Dame é considerada a melhor versão dublada do mundo?

No domingo, acompanhei o painel sobre startups que funcionam aqui em Curitiba, sobre produção de conteúdo com o Porta dos fundos, assisti o pessoal do Choque de cultura, mas, para mim, o destaque mesmo foi o painel Senta que lá vem história, com o pessoal do Castelo Ra-tim-bum.

Amava esse programa na infância, mas só fui entender a grandeza dele quando o MIS fez aquela exposição do cenário. Na Geek City, a nostalgia puxou a maior parte do público ali presente para conversar sobre o programa em si, seus bastidores e também a produção de conteúdo voltado para crianças. Esse público, em plena formação, absorve tudo o que está a sua volta e foi bem legal ver como Castelo foi importante para as crianças dos anos 90, tratando de vários assuntos na tv, alguns complicados, como a morte. Foi um momento de troca muito legal entre os atores e produtores e o público.

Para finalizar, queria comentar sobre a galeria dos artistas, que tinha muita coisa legal – acabei comprando dois posteres bem geeks para usar na decoração – e como os cosplays estavam incríveis e me deixaram com vontade de entrar nesse mundo. A cultura pop/geek pode até estar na moda, mas acredito que seja algo genuíno de quem participou desse evento. Que ele continue crescendo e trazendo cada vez mais histórias.