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Star Wars O Despertar da Força, parte 3: universo em expansão

O segundo filme de Star Wars, O Império contra-ataca, revelou-se como o Episódio V, deixando as pessoas confusas com a cronologia da história e sobre quantos filmes já tinham sido feitos. A numeração revelou, no entanto, que outros episódios estavam por vir. A ideia não agradou muitos fãs, que perceberam que demoraria anos até que a história toda fosse contada, e vários duvidaram do sucesso a longo prazo da franquia.

A ideia de expansão estava clara, mas até então, os filmes, especiais para TV e outros derivados de Star Wars tinham passado por dificuldades em sua produção.  Além das dificuldades financeiras, George Lucas também via as possibilidades de não ter algum de seus atores principais envolvidos com projetos futuros e a partir daí as ideias para os roteiros dos filmes e livros passaram a abranger universos maiores.

Se tem uma coisa que eu admiro no George Lucas é a sua visão. Star Wars pode ser paixão, mas também foi um negócio, e um muito rentável. Ele teve muita frieza e estratégia para garantir que Star Wars continuasse no futuro como algo autossustentável e uma expansão era a chave para isso: vários personagens, várias épocas. Star Wars se transformou em um universo e não uma só narrativa com começo, meio e fim.

Mais contratos envolvendo a marca foram assinados e a Lucasfilm passou a ser ainda mais restrita com a venda de produtos relacionados à série. A busca por lucro, no entanto, não distanciou a marca de seus fãs. A gente sabe que a Lucasfilm é bem rígida quando se trata de direitos autorais e lucros, mas ao mesmo tempo, durante a história, a saga apoiava a produção de conteúdo que viesse de fãs e mantivesse a história viva. Craig Miller foi o primeiro presidente de relacionamento com os fãs da Lucasfilm e foi nas mãos dele que surgiu uma política para fanzines.

Apesar de ser algo apoiado pela Lucasfilm, não foi uma política bem recebida pelo estúdio e a luta foi para convencer que conteúdo gerado por fãs teria um efeito positivo. Nunca chegou a existir uma proibição para a participação dos fãs com a franquia, e esse tipo de proximidade ajuda qualquer marca a criar relacionamentos duradouros com seus consumidores. A única regra, exigida por Lucas era de não criar produtos eróticos de Star Wars. Todas as criações deveriam ser feitas levando em conta o público alvo dos filmes, crianças e adolescentes.

Desde então, a comunidade global de fãs de Star Wars criou histórias, filmes, convenções e cresceu ao redor do mundo. O amor e fidelidade desses fãs, faz de quem compra os produtos de Star Wars mais que simples consumidores.

Os fãs sempre foram importantes para a saga durante o lançamento dos três primeiros filmes, mas tiveram um papel ainda mais relevante nos anos que seguiram o lançamento do terceiro filme. Quando lançado, o mundo estava mais obcecado que nunca pela história, mas depois de 1985, com os filmes encerrados, parecia questão de tempo para que Star Wars se tornasse apenas uma história de sucesso do cinema das décadas de 70 e 80.

Entre 1986 e 1999, quando os filmes enfim foram retomados, o que manteve a força da marca Star Wars viva foi a dedicação dos fãs mais radicais. Em 1986, aconteceu o que seria uma primeira convenção de Star Wars. Cerca de 10 mil fãs compareceram e puderam ouvir de George Lucas que, quem sabe um dia, novos filmes seriam lançados. Em 1987, foi lançado um RPG de Star Wars. O jogo não apenas preservou a imagem de Star Wars, mas ajudou a catalogar e ampliar o universo e personagens criados. Esse lançamento foi o passo inicial do que seria o Universo Expandido de Star Wars. Em 1988 surgiu a ideia de levar o mundo de Star Wars para a literatura, com novas histórias e personagens. O primeiro livro foi oficialmente lançado em maio de 1991, esgotou tiragens e chegou à lista do New York Times Best-sellers dois meses depois. A narrativa retoma a história cerca de cinco anos depois dos eventos dos primeiros filmes e é considerado por muitos o começo das sequências criadas para além dos cinemas.

Entre 1991 e 2013, pelo menos dez romances sobre Star Wars foram lançados por ano. Só em 1997, 22 novos livros chegaram às lojas. Recentemente, o maior choque que a venda de Star Wars causou foi a decisão da Disney de desconsiderar o Universo Expandido criado até então para dar mais liberdade criativa para os envolvidos nas novas produções. Hoje, 21 títulos de Star Wars são considerados “canônicos” e centenas considerados “lendas”. São vários escritores profissionais e, muitos deles, fãs dos filmes.

Desde o começo de sua história, dezenas de filmes paródias foram lançados. Elas surgiam em maior número próximo aos lançamentos dos filmes, e eram apoiadas pelo diretor. A Lucasfilm decidiu oficialmente apoiar o movimento e criou o Prêmio Oficial de Filmes de Fã de Star Wars.

O dono da maior coleção de Star Wars do mundo, reconhecida em 2013 pelo Guinness dos recordes, possui um pôster assinado por George Lucas que confere a ele o título de “Fã Supremo”. Steve Sansweet conta que, para ele, os bonecos, roupas, réplicas e outros objetos da saga criados por fãs têm um valor especial na coleção. São itens que mostram a paixão e que diferenciam Star Wars de outros universos de fãs.

Em 1987, o vice-presidente da parte de licenciamento da Lucasfilm chegou a ouvir de revendedores de brinquedos que Star Wars estava morto. George Lucas, já naquela época, entendia o poder do amor do público pela saga e o que ele disse é uma das minhas frases favoritas de Como Star Wars Conquistou o Universo:

“Não, Star Wars não está morto; está apenas descansando. Um monte de crianças adora aqueles filmes. Algum dia elas crescerão e terão os próprios filhos. Podemos trazer Star Wars de volta então”.

Os livros, games e fãs mantiveram a marca viva desde então até 1999, quando um novo Star Wars chegou aos cinemas, mostrando que George Lucas estava certo.

Clique aqui para ler a parte 4: Fidelidade sem razão

Ou retorne para a parte 2: Consolidação, e a parte 1: Como a saga surgiu

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